Cuba e o Cameraman

Em 1975, após alguns anos utilizando a nova tecnologia de câmeras de vídeo para se envolver no jornalismo investigativo que chamou a atenção para alguns dos problemas que assolavam a cidade de Nova York, o cineasta Jon Alpert, conhecido por CUBA E O CAMAREIRO, volta sua atenção para Cuba. Seu objetivo era entender como o socialismo estava se desenvolvendo sob o regime de Fidel Castro, 15 anos após a Revolução Cubana. O que se desenrolou ao longo de várias visitas entre 1975 e 2016 foi um documentário impactante sobre as mudanças tumultuadas que a nação insular experimentou ao longo das décadas e como essas transformações afetaram a sociedade cubana e as amizades que Alpert cultivou durante suas estadias.

Nos anos 70, Cuba era um país relativamente próspero, e Alpert capturou essa era de otimismo e esperança através das lentes de sua câmera. Ele conheceu pessoas comuns, cujas histórias revelaram um povo resiliente, enfrentando tanto as promessas quanto as desilusões do socialismo. À medida que os anos se passavam, o documentário se tornou um testemunho do impacto da queda da União Soviética, um acontecimento que trouxe consigo anos de dificuldades e escassez alimentar.

Com o colapso da União Soviética, que havia fornecido bilhões de dólares em subsídios ao regime cubano, a realidade da vida na ilha se transformou. Jon Alpert documentou essas lutas diárias, mostrando como as famílias cubanas se adaptavam à crise, encontrando formas criativas de sobrevivência em meio à escassez. O filme explora os desafios enfrentados por essas comunidades, incluindo a luta por alimentos básicos e as tentativas de manter a dignidade diante da adversidade.

Conforme Alpert continuava suas visitas, Cuba entrou em uma nova fase, com um relaxamento nas restrições ao empreendedorismo. Um novo mercado de turismo começou a emergir, trazendo consigo uma nova dinâmica econômica, ao mesmo tempo em que o mercado negro também se expandia. O documentário se aprofunda na vida cotidiana dos cubanos durante essas transições, oferecendo vislumbres de como a sociedade reagiu às novas oportunidades e desafios.

A morte de Fidel Castro marca um ponto reflexivo no filme, que capta as diversas opiniões dos cubanos sobre o líder que definiu a era moderna da ilha. No final, CUBA E O CAMAREIRO não é apenas uma crônica visual, mas um retrato íntimo das esperanças, sonhos e lutas de um povo que sempre busca a liberdade e a dignidade sob circunstâncias desafiadoras. É uma jornada através de mais de quatro décadas que revela a complexidade da identidade cubana e as profundas mudanças que moldaram uma nação.