A Noite Cairá

Pesquisadores descobrem uma filmagem da Segunda Guerra Mundial que se revela um documentário perdido, filmado por Alfred Hitchcock e Sidney Bernstein em 1945, sobre os campos de concentração alemães.

Em abril de 1945, à medida que a Segunda Guerra Mundial se aproximava do fim e as Forças Aliadas invadiam Berlim, grupos de cameramen de combate recém-treinados se dedicavam a documentar as cenas horríveis nos campos de concentração nazistas recém-libertados. Batizado de “Pesquisa Factual dos Campos de Concentração Alemães”, o documentário de 1945, encomendado pelo governo britânico, contou com a produção de Sidney Bernstein e a colaboração de Alfred Hitchcock. Durante quase sete décadas, o filme ficou arquivado nos arquivos britânicos, abandonado sem exibições públicas – seja por razões políticas ou mudanças nas prioridades governamentais. Somente mais tarde, uma equipe de historiadores e estudiosos do cinema do Museu Britânico da Guerra Imperial foi capaz de completar o projeto, restaurando meticulosamente as imagens originais.

O documentário de 2014 entrelaça entrevistas com sobreviventes e liberadores, além de curtas-metragens e imagens brutas do filme original, retratando as atrocidades que ocorreram nos campos de concentração e trabalho em Bergen-Belsen, Auschwitz, Majdanek, Dachau e Buchenwald, incluindo também filmagens de cameramen soviéticos. O olhar da câmera não hesita em se certificar de que os oficiais da SS alemã estejam em plena vista, enquanto demora nas faces esqueléticas e emaciadas dos corpos de homens e mulheres, empilhados como bonecas, que foram cruelmente lançados em fossas comuns durante as escavações.

Embora o filme documente um mundo de pesadelos e exponha a verdade inegável sobre o que aconteceu nesses campos, ele também foca no processo de cura dos sobreviventes que foram completamente desumanizados. A narrativa não se limita a ser um testemunho dos crimes nazistas, mas busca ser uma lição vital para toda a humanidade, enviando um apelo à lembrança e à reflexão. O testemunho íntimo dos sobreviventes, intercalado com as imagens chocantes das atrocidades, oferece um espaço para a compaixão e a compreensão, tornando esse documentário não apenas uma importante obra de arte histórica, mas também uma peça fundamental para a narrativa coletiva sobre a resistência e a resiliência humanas.