Era uma Vez em Tóquio

Um casal de idosos, Shukishi e Tomi Hirayama, vive na pequena vila costeira de Onomichi, Japão, junto com a filha mais nova, Kyoko, que é professora. Eles têm três filhos adultos que não veem há bastante tempo, e que hoje moram em grandes cidades como Tóquio e Osaka. Sentindo a ausência de seus filhos e desejando retomar os laços familiares, o casal decide, por conta própria, fazer uma visita prolongada a Tóquio. A viagem se transforma em um encontro que revela a dureza da indiferença, a ingratidão e as profundas diferenças culturais entre as gerações.

Durante a viagem, após chegarem a Tóquio, Shukishi e Tomi são recebidos por seus filhos, Koichi, um pediatra, e Shige, uma esteticista, juntamente com suas famílias, que incluem dois netos. Contudo, o que deveria ser um momento de celebração rapidamente se transforma em um pesado fardo para seus filhos, que veem a visita mais como uma obrigação do que uma oportunidade de fortalecer os laços familiares. Em meio a agendas lotadas e vidas ocupadas, acabam decidindo enviar os pais para um resort de baixo custo nas Termas de Atami, em vez de dedicar tempo a eles.

Um dos poucos que realmente se esforça pela conexão é Noriko, a nora viúva, cujo falecido marido, Shoji, foi morto na guerra há oito anos. Ela busca sinceramente passar um tempo significativo com os sogros, oferecendo um resquício de carinho e atenção em meio ao desdém dos outros irmãos.

À medida que a história se desenrola, somos levados a uma profunda reflexão sobre a mortalidade e a importância das relações familiares. Cada filho, após a volta da viagem, se vê confrontado com suas atitudes e comportamentos em relação aos pais — uma introspecção sobre o que é ser filho, as expectativas familiares e o peso do tempo que passa.

A narrativa explora temas de amor, desapontamento e a luta pelo reconhecimento emocional em relacionamentos que, muitas vezes, são tomadas como garantidas. A jornada dos Hirayama destaca a necessidade de redescobrir a empatia e a solidariedade familiar, mostrando que, em um mundo moderno e apressado, é essencial resgatar as conexões que realmente importam. O filme nos convida a encarar a inevitabilidade da vida e a importância de valorizar cada momento ao lado de quem amamos.