In Vitro

Em um pomar subterrâneo em Belém, décadas após um ecodisastro de natureza sobrenatural que transformou o mundo como o conhecemos, duas cientistas se reúnem para discutir o exílio, a perda e a nostalgia. Este cenário único e claustrofóbico da história ressalta a resiliência da vida em meio ao colapso ambiental, enquanto as frutas cultivadas nesse espaço subterrâneo se tornam um símbolo de esperança e persistência em um mundo devastado.

À medida que as cientistas, Ana e Leila, compartilham experiências íntimas de seu passado, a narrativa se desdobra em camadas de complexidade emocional. Ana é uma ecóloga que dedicou sua vida a compreender o impacto do desastre em ecossistemas e pessoas, enquanto Leila, uma botânica, traz uma perspectiva distinta, ligada às suas raízes familiares e à memória de uma vida antes da catástrofe. Juntas, elas relembram como o horizonte de suas vidas se transformou quando o meio ambiente começou a deteriorar-se rapidamente, forçando muitos a deixarem suas casas e lares.

Através de diálogos profundos e reflexões sobre suas trajetórias pessoais, o filme explora temas centrais, como a busca por pertencimento em um mundo que constantemente desafia essa noção. A saudade que as duas sentem de um tempo mais simples, onde as árvores frutíferas cresciam livremente sob a luz do sol, contrasta com a dura realidade de suas existências atuais. A relação entre as duas protagonistas se torna um fio condutor, refletindo as complexas dinâmicas de amizade, rivalidade e solidariedade entre mulheres em um cenário de recuperação e adaptação.

À medida que a noite avança, elas confrontam suas próprias vulnerabilidades e o peso da história que carregam. Os debates acalorados sobre os dilemas morais de restaurar a natureza versus aceitar a nova realidade tecem uma narrativa rica, que ultrapassa as fronteiras do protagonista convencional e nos faz questionar nossa relação com o meio ambiente.

Este drama íntimo não apenas mergulha no psicológico, mas também serve como um chamado à ação, desafiando o espectador a refletir sobre o futuro do nosso planeta e o que estamos dispostos a fazer para proteger o que resta. O fundo do pomar subterrâneo se torna um poderoso espaço de contemplação e reconciliação, onde o passado e o presente se entrelaçam, revelando que, mesmo nas sombras da perda, a vida encontra maneiras de florescer.