Alexandria

No século IV, Alexandria se destacava como uma das cidades mais importantes do mundo, reconhecida pela sua lendária biblioteca e pela elite intelectual que ali habitava. Porém, essa era de esplendor começaria a ruir com a ascensão dos fanáticos cristãos, que ameaçariam não apenas o conhecimento acumulado ao longo dos anos, mas também a própria liberdade de pensamento. Na biblioteca da cidade, a filósofa Hypatia se tornaria um símbolo de resistência contra essa maré crescente de intolerância.

Hipatia, uma mulher à frente de seu tempo, lecionava astronomia, matemática e filosofia a uma turma de estudantes fascinados. Entre eles, Orestes, que se enamora de sua inteligência e beleza, e Davus, seu escravo pessoal, que também nutre sentimentos profundos por ela. O amor e a admiração de Orestes por Hipatia contrabalançam com o peso de suas obrigações como prefeito de Alexandria. Enquanto isso, Davus, dividido entre sua lealdade à sua mestra e suas próprias aspirações, se vê em um conflito emocional que o leva a questionar sua identidade e seu lugar em uma sociedade em transformação.

À medida que os cristãos, liderados por Amônio e Cirilo, ganham poder político, a atmosfera na cidade se torna tensa. As instituições de aprendizado, que eram o coração pulsante da Alexandria, começam a desmoronar sob o peso das novas doutrinas. Hipatia, imersa em seu trabalho sobre o movimento dos corpos celestes, observa a cidade ao seu redor se transformando em um reduto de fanatismo. Sua busca pelo entendimento do cosmos e pela harmonia humana contrasta com a crescente divisão causada pela intolerância religiosa.

Duas décadas se passam e Orestes, agora prefeito, tenta manter uma paz instável com os cristãos que, sob a liderança de Cirilo, se tornaram cada vez mais agressivos em sua busca por hegemonia cultural. Este novo poder fanático começa a enxergar os judeus como um obstáculo, e logo se volta contra todos os que não compartilham de sua fé. Hipatia se recusa a se envolver em questões de dogmas religiosos; ela se preocupa com a verdade e com a “irmandade de todos”, uma visão que desafia as convicções dos que agora governam a cidade. Em meio a esse cenário de conflito e tensão, o dilema de Davus se intensifica, colocando em prova a lealdade e a humanidade em um mundo que parece esquecer tais valores. O destino de Alexandria, da busca pela sabedoria e do legado de Hipatia está em jogo.