Audrie e Daisy

Neste tocante documentário, acompanhamos a história de dois adolescentes, João e Maria, que se tornam vítimas de um cyberbullying brutal após descobrirem que crimes de assédio sexual cometidos contra eles foram registrados em vídeo. A narrativa se desenrola em um ambiente escolar, uma microcósmica da sociedade, onde o bullying e a pressão social se entrelaçam, expondo a fragilidade da adolescência em tempos digitais.

João, um jovem sensível e sonhador, sempre foi visto como um outsider por seus colegas. Sua paixão pela fotografia, um refugio pessoal, torna-se um alvo de zombarias, especialmente depois que o vídeo da sua experiência traumática é compartilhado furtivamente nas redes sociais. Maria, por outro lado, é uma atleta promissora. Forte e determinada, ela enfrenta o dilema de ser uma vítima visível. Juntos, eles se unem em um esforço para superar esse pesadelo, mas o peso das redes sociais revela-se esmagador.

O documentário não apenas explora o impacto devastador do cyberbullying, mas também foca nas nuances do trauma e da recuperação. À medida que os jovens tentam se reencontrar, revela-se uma rede de apoio inesperada entre outros adolescentes que também passaram por experiências similares. Desde reuniões em grupo até intervenções de profissionais da saúde mental, a amizade e o suporte comunitário se tornam essenciais para o crescimento emocional de João e Maria.

Além do aspecto pessoal, a produção lança um olhar crítico sobre a cultura do silêncio que muitas vezes permeia o assunto de assédio sexual. A pressão para não contar ou se expor é desafiada, e a história se transforma em um manifesto de resistência, mostrando que é possível, sim, quebrar o ciclo de preconceitos e estigmas.

Com uma cinematografia delicada e uma trilha sonora envolvente que sublinha as emoções em jogo, este documentário vai além de um simples relato de horror. Ele é um chamado à empatia, convidando os espectadores a refletirem sobre o papel que desempenham na criação de um ambiente mais seguro e acolhedor para todos os jovens. O desfecho, embora repleto de desafios, traz uma mensagem de esperança e transformação, reafirmando a importância de falar, de ouvir e, acima de tudo, de sentir. No final, João e Maria não são definidos apenas por seus traumas, mas sim pela coragem de se levantar e lutar por justiça e dignidade.