Aziza

Este curta-metragem acompanha um jovem casal sírio que recentemente se tornou deslocado, enquanto realizam uma viagem por Beirute. À medida que o carro avança pelas ruas da cidade, tão familiares quanto estranhas, a narrativa transforma-se em uma jornada hipnótica repleta de nostalgia, onde o passado e o presente se entrelaçam em uma experiência emocional profunda.

Os protagonistas, Ranya e Amir, trazem consigo as cicatrizes de uma vida que foi abruptamente interrompida. Ranya, uma artista que costumava capturar a beleza da Síria em suas pinturas, agora tenta redescobrir sua identidade em uma cidade que não é mais sua. Amir, um professor de literatura, carrega em seu coração a dor da saudade e o peso das memórias de um lar que não podem mais revisitar. Durante a viagem, eles visitam lugares que evocam lembranças do seu passado, desde o mercado movimentado de Hamra, onde costumavam passear de mãos dadas, até o café onde Ranya e Amir costumavam discutir seus sonhos.

À medida que as lembranças emergem, o filme mergulha na psique dos personagens, apresentando sequências oníricas que revelam seus medos, anseios e esperanças em meio ao caos da nova realidade. As ruas de Beirute servem como um personagem por si mesmas, mostrando tanto a beleza exuberante da cidade quanto as marcas da guerra e da destruição. Os sons do trânsito, as conversas efervescentes e os aromas das comidas típicas que invadem os sentidos criam um pano de fundo vibrante, precisamente onde os ecos do passado encontram os desafios do presente.

O filme também aborda temas universais, como a busca por pertencimento e a luta pela esperança em tempos de incerteza. A conexão do casal com suas raízes e a luta para se adaptar a uma nova vida em Beirute são refletidas nas suas interações, cheias de ternura e vulnerabilidade.

Através da mistura de realismo e surrealismo, a narrativa captura a essência da experiência de deslocamento, convidando o espectador a refletir sobre as questões de identidade e resiliência. Com uma cinematografia deslumbrante e uma trilha sonora envolvente, o curta-metragem é uma ode à memória e uma meditação sobre a capacidade humana de amar e sonhar, mesmo diante das adversidades.