Caça-Fantasmas

Após terem sido detidos em um centro de interrogatório israelense, um grupo de homens palestinos tenta processar e curar os traumas que vivenciaram reencontrando a dor de suas experiências através da arte da atuação. A narrativa se desenrola em um ambiente de tensão palpável, onde cada um desses homens, com suas distintas histórias de captura e tortura, luta não apenas para lidar com as cicatrizes físicas e emocionais que carregam, mas também para encontrar um significado em suas experiências devastadoras.

Cada personagem traz uma bagagem emocional que reflete a complexidade e a diversidade da resistência palestina. Ali, um jovem pai, revela como a separação de seus filhos durante a detenção lhe causou um profundo desespero. Kamal, um ex-militar que se tornou ativista, luta contra a sensação de impotência após ter sido forçado a traçar um caminho entre a obediência e a moralidade. O mais velho do grupo, Hassan, vive com a memória de seus anos de encarceramento e busca através do reencontro com seu passado um meio de reconectar-se com a dignidade perdida.

Através desse processo de dramatização, os homens reimaginam suas experiências, não apenas como vítimas, mas como sobreviventes. As performances tornam-se um espaço de emancipação, onde risos e lágrimas são compartilhados, permitindo que a dor do passado seja transformada em uma forma de resistência e solidariedade. Os ensaios rendem momentos de profunda vulnerabilidade, onde histórias de traição e esperança se entrelaçam, e algumas memórias, antes sufocadas pela dor, buscam um caminho para a liberdade.

O espetáculo que emergiu das sombras das torturas se transforma em um poderoso ato de recontar, ressignificar e, finalmente, curar. Este documentário vai além de um relato sobre injustiças e horrores – é um testemunho da resiliência humana e da capacidade de transformação, mesmo nas circunstâncias mais sombrias. Em meio à dor coletiva, os homens encontram força em sua unidade e revelam a belezas escondidas nas suas histórias, desafiando tanto a si mesmos quanto ao mundo ao seu redor. É uma exploração profunda da luta, da identidade e do poder da narrativa como um meio de enfrentar não apenas o trauma pessoal, mas também a dor de um povo. Através dessa experiência de mídia, o espectador é convidado a reconsiderar o que significa ser uma voz de resistência em tempos de opressão.