Que Viva Eisenstein! – 10 Dias que Abalaram o México

O reverenciado cineasta Eisenstein é comparável em talento, perspicácia e sabedoria a nomes como Shakespeare ou Beethoven; existem poucos – se é que há – diretores que possam ser elevados a tais altos padrões. Após o sucesso revolucionário de seu filme “O Encouraçado Potemkin”, Eisenstein foi celebrado ao redor do mundo e convidado a visitar os Estados Unidos. Contudo, encontrou resistência em Hollywood e foi maliciosamente difamado por americanos conservadores. Em 1931, desiludido, Eisenstein decidiu viajar para o México, onde considerou a possibilidade de realizar um filme com financiamento privado de simpatizantes americanos pró-Comunistas, liderados pelo escritor Upton Sinclair.

Essa experiência sensorial no México não foi apenas uma fuga; parece ter sido um ponto de inflexão significativo em sua vida e carreira cinematográfica. Ela representa uma transição crucial entre os seus primeiros sucessos – que incluem “A Greve”, “O Encouraçado Potemkin” e “Outubro”, que o tornaram uma figura renomada mundialmente – e sua carreira mais hesitante nos anos seguintes, durante os quais produziu obras como “Alexandre Nevski”, “Ivan, o Terrível” e “A Conspiração dos Boyardos”.

A jornada de Eisenstein pelo México é marcada por uma introspecção profunda e por um envolvimento com a cultura local, que influenciaram não apenas seu estilo visual, mas também temas centrais de seu trabalho posterior. Enquanto na América Latina, ele se deparou com a rica tapeçaria cultural, a luta social e as dinâmicas políticas que permeavam a sociedade. Isso se refletiu em sua arte, onde a emoção crua e a sensibilidade estética se tornaram ainda mais proeminentes.

Os personagens que ele cria a partir desse período frequentemente espelham a complexidade humana, as tensões entre o poder e a resistência, e uma busca incessante pela verdade. Os temas de revolução e justiça social, que estavam presentes em suas obras anteriores, tornaram-se mais íntimos e pessoais à medida que Eisenstein buscava entender seu lugar no mundo e o impacto de sua arte.

Esta fase da carreira de Eisenstein é uma exploração do potencial transformador do cinema, abordando a capacidade do filme de refletir e moldar a realidade. Os desafios enfrentados em Hollywood e sua subsequente busca por um novo lar artístico no México não só moldaram seu legado, mas também o posicionaram como uma figura central na evolução do cinema mundial.